
Três Coisas para Ter em Mente
Atualizado: 7 de mar.
Eu não dou aula para estudantes. Dou aula para professores.
Digo isso não por que eu ensine só pessoas que queiram difundir a arte. Digo isso, porque com o passar do tempo, percebi que cada pessoa é professora, pelo menos dele própria. Tudo o que eu posso fazer como professor é facilitar, apresentar novas ideias e compartilhar minhas experiências. Cada pessoa na minha aula deve aprender a ser sua própria professora, para que ela possa facilitar o próprio trabalho de internalizar o que os mais avançados a sua volta têm pra compartilhar.

Sempre que estamos em grupo, tento aproveitar as oportunidades e conversar sobre como aprender. Com isso em mente, é importante lembrar de três coisas:
Não Existe Talento
Talento é uma ideia sedutora e destrutiva para quem pratica arte marcial (ou qualquer outra coisa na verdade, música, dança, escrita). A ideia de talento nos faz acreditar que devemos ser bons em algo logo de cara, ou simplesmente desistir.
Incontáveis estudos já mostraram que talento, i.e. as qualidades e características genéticas do indivíduo, tem pouca influência em habilidades complexas (como esgrima), e que dedicação contínua é o fator mais importante.
A ideia de talento leva a uma comparação injusta entre você e os colegas de aula, e pode acabar com qualquer motivação. Sempre que possível, digo às pessoas: "você deve se comparar com a versão de você da semana passada". Busque se superar. Busque melhorar a cada semana. Não se compare com os colegas.
Se você não está errando, não está praticando. Então Erre!
Tempo de prática não é o único fator que determina o sucesso a longo prazo em artes marciais. A qualidade da prática é essencial. Se você não está falhando nos seus treinos solo, treinos em dupla ou combate, você não está se desafiando o suficiente.
Busque sempre aumentar a dificuldade do seu treino. Esteja constantemente buscando o seu limite: até errar. Quando errar, trabalhe nessa zona. Trabalhe no limite da sua habilidade. Assim, você não estará trabalhando fora da sua zona de conforme, mas sim a expandindo.
Busque Desafios, Não Resultados
Evitar erros e consequentemente evitar desafios começa tanto na nossa crença de mundo (por exemplo, acreditar que talento é o que importa, e não a prática) quanto na nossa autoimagem.
A Dra. Carol Dweck, em um de seus estudos, mostrou que se pode impactar negativamente no QI de uma criança simplesmente ao elogiá-la por ser inteligente. Crianças que foram elogiadas por serem inteligentes, quando encontraram fracassos, fugiram para algo mais fácil e evitaram novos desafios. Elas não queriam desfazer as suas imagens de "inteligentes". Crianças que foram elogiadas pelo seus esforços e por suas vontades de encarar novos desafios, estavam mais dispostas a buscar maiores desafios e se superavam mais que os outros.
Veja como você encara a sua arte marcial e aplique o conhecimento desse estudo na sua própria prática. É preferível encarar grandes desafios e amadurecer, do que encarar pequenos desafios e obter sucesso.